Programa Nacional de Prevenção e Epidemiologia

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
Projeto Prodatha

 

Introdução

A estimativa mundial de que 50% (cinqüenta por cento) das mortes na população com idade acima de 50 anos devem-se a patologias do aparelho cardiovascular é também aplicável ao Brasil. E a Hipertensão Arterial (HA) sob ela, isoladamente, incide como um dos mais importantes fatores de risco em 80% dos casos de insuficiência cardíaca, insuficiência coronária, acidente vascular cerebral e insuficiência vascular periférica.

Cerca de 11% a 20% da população adulta, com idade superior a 20 anos, nos países desenvolvidos são portadores de HA, mas somente 50% desses pacientes sabem de sua doença. Esse levantamento, elaborado inicialmente nos Estados Unidos e válido até hoje, informa que apenas 50% dos hipertensos se tratam e, destes, somente 50% (ou seja, 12,5% dos que conhecem sua hipertensão) se submetem a tratamento adequado.

A HA é, pois, um dos mais graves problemas de Saúde Pública que atinge o adulto brasileiro, exigindo apoio assistencial amplo e efetivo, e uma pesquisa epidemiológica que fixe, com mais segurança, sua incidência e prevalência, tanto na zona rural quanto na urbana, permitindo, assim, uma melhor definição dos programas de assistência.

Esta é a proposta do Programa de Detecção, Avaliação e Tratamento da Hipertensão Arterial (PRODATHA), inserido no tema HAS, dentro do Programa nacional de Prevenção e Epidemiologia da SBC.

Este ambicioso programa é factível, por utilizar-se de estruturas já em funcionamento na Ministério da Saúde, no Sistema Único de Saúde (SUS) e na Sociedade Brasileira de Cardiologia, em todos os níveis. É, pois, um programa de baixíssimo custo, em relação aos benefícios que trará para toda a comunidade brasileira.

Causas da Hipertensão Arterial (HA)

A prevalência da HA é variável, na dependência de vários fatores. Sabe-se que:

É maior na raça negra;

Aumenta com a idade;

É mais elevada no homem até os 50 anos e a partir daí mais prevalente na mulher; e

É cerca de 1,7 vezes maior em diabéticos que em não diabéticos (34% das mulheres e 26% dos homens diabéticos são hipertensos).

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a HA acomete, em média, 15% da população adulta mundial. Tanto na população geral como em clínica especializada, a Hipertensão Arterial Primária é a forma prevalente. Quanto à Hipertensão Arterial Secundária, o tipo prevalente é o induzido por contraceptivos.

Objetivos

O PRODATHA possui importantes e originais objetivos, utilizando-se sempre de programas já implantados, com potencial ilimitado de expansão. Tais objetivos são, fundamentalmente, a Prevenção, a Detecção, o Tratamento e o Levantamento Epidemiológico da Hipertensão Arterial.

  1. Prevenção
  2. Detecção da HA:

Ativa
Sistematizada
Na família
Em todo o território nacional (zonas urbana e rural)

  1. Avaliação da HA (estadiamento):

Estágio I (leve)
Estágio II (moderada)
Estágio III (severa)
Estágio IV (muito severa)

  1. Tratamento da HA:

Na família (unidade de saúde familiar)
Hospital de atendimento primário ou secundário

  1. Levantamento Epidemiológico da HA

Através de pesquisa ativa, sistematizada, na família, em zona rural e urbana, em todo o território nacional, bem como dos vários fatores de risco, como jamais proposto no Brasil.

O estadiamento da HA com a possibilidade de tratar, fornecendo a medicação ao paciente, na Unidade de Saúde próxima a sua residência, torna realidade o "discurso" que propõe diminuir a chegada desnecessária dos pacientes aos hospitais.

Sob este aspecto, o projeto deve servir de modelo para outras patologias, como o diabete, o reumatismo, entre outras. Finalmente, um levantamento epidemiológico, com todas os seus benefícios e informações, permitirá uma melhor adequação futura do programa e mais sólido embasamento das ações governamentais.

Estrutura Operacional / Treinamento

O PRODATHA utiliza a estrutura do SUS - Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais, do Programa de Saúde da Família (PSF) e sua equipes implantadas nos municípios, estas últimas representado as células executivas. As filiadas da Sociedade Brasileira de Cardiologia em cada Estado funcionarão como agentes de assessoria técnica mediante seus Departamentos de Epidemiologia Clínica e de Hipertensão Arterial, assim como gestores do Curso à Distância de Hipertensão Arterial.

Célula executiva do Prodatha

A Equipe de Saúde da Família (EFS) municipal é a célula executiva do PRODATHA, sendo constituída por:

1 médico clínico01 enfermeira
2 auxiliares de enfermagem
de 4 a 6 agentes comunitários

As atribuições de cada um destes componentes da ESF no PRODATHA são:

Médico clínico

É o gerente do PRODATHA na ESF, o responsável pelo exame clínico padronizado e pelo tratamento do hipertenso encaminhado pelo agente comunitário. Suas principais atribuições são:

Treinamento do pessoal, funcionamento e conservação do equipamento, reposição dos impressos e medicamentos, bem como sugerir correções eventuais no PRODATHA.

Atendimento do hipertenso encaminhado pelo agente comunitário, preenchendo o questionário padronizado.

Encaminhamento do hipertenso na estágio IV (muito severo) e complicados ao hospital da região.

Tratamento do hipertenso nos estágios I, II e III (leve, moderado e severo), com o preenchimento da ficha padronizada.

Consolidação dos dados das fichas, visando o levantamento epidemiológico municipal, estadual e nacional.

Enfermeira

São suas principais atribuições no contexto da ESF:

Apoio ao médico clínico.

Apoio aos agentes comunitários.

Implantação de programas educativos de apoio ao hipertenso nas áreas de Nutrição, Execício Físico e Estilo de Vida.

Agentes comunitários

Além da responsabilidade prevista no Programa de Saúde da Família (PSF), que inclui um número mensal de visitas entre 100 a 200 famílias, participa, no PRODATHA, com as seguintes atribuições:

Mede a tensão arterial (TA) de todos os membros das famílias visitadas: adultos e crianças com idade superior a 10 anos.

Preenche o formulário específico para cada hipertenso encontrado em sua comunidade.

Encaminha o hipertenso de sua comunidade para o posto da ESF ou para o serviço de emergência do hospital mais próximo, segundo a indicação.

Treinamento das equipes

A implantação do PRODATHA exigirá um treinamento em 02 (dois) níveis: o de rotina e o técnico de atualização.

Treinamento de Rotina

Terá duração de 01 dia (manhã e tarde), e será ministrado nas 12 (doze) principais capitais.

A partir dessas experiências, será elaborado um vídeo que servirá para orientação, ensinamento e disseminação do PRODATHA. Faz parte deste treinamento a implantação de um programa de consolidação das informações obtidas pelos agentes comunitários e pelo médico clínico responsável pela equipe. Essas informações serão consolidadas e digitadas, segundo um programa específico já desenvolvido, pelas Secretarias Municipais de Saúde para a Secretaria Estadual de saúde. Desta forma, cada nível (distrital, municipal, estadual e federal) disporá dos elementos necessários para o real conhecimento epidemiológico da patologia.

Treinamento técnico

Compreende a implantação e tutoria dos Cursos à Distância de Hipertensão Arterial e Reabilitação Física concomitantemente ao Treinamento de Rotina, contando com a colaboração em cada estado do Presidente da SBC regional e de seu Departamento de Epidemiologia e Hipertensão Arterial.

Metodologia

O objetivo da SBC é implantar o PRODATHA em todos os municípios onde funciona a equipe do Programa de Saúde da Família. Entretanto, em função de sua complexidade e custos envolvidos, estaremos trabalhando em 02 etapas.

Na 1ª etapa, foram selecionadas as 12 principais capitais para implantação do Plano Modelo do PRODATHA, quais sejam:

São Paulo
Rio de Janeiro
Salvador
Belo Horizonte
Fortaleza
Brasília
Curitiba
Recife
Porto Alegre
Belém
Manaus
Goiânia

Nesta etapa, durante 01 dia, um médico clínico e uma enfermeira já treinados e o responsável pelos Cursos à Distância (Hipertensão Arterial e Exercício e Saúde) implantarão o PRODATHA em cada uma das cidades selecionadas, treinando 10 equipes do Programa da Saúde da Família por cidade. Desta forma, ao final desta fase teremos 120 equipes do PSF treinadas, com todos os equipamentos (aparelhos de pressão, estetoscópios, aparelhos de pressão de marcúrio, etc.), e materiais de consulta/trabalho (livros, impressos, maletas, etc.).

Após esta fase, a 2ª etapa de treinamento de outras equipes do PSF destas cidades se dará através do treinamento pelas próprias equipes já treinadas pelo time do PRODATHA, ficando o projeto responsável pelo fornecimento dos equipamentos e materiais necessários para a execução do programa. Nosso objetivo é que cada equipe já treinada possa transmitir seus conhecimentos para outras 10 equipes do PSF em seu Estado. Este treinamento ocorrerá também através de vídeos elaborado pelo PRODATHA, visando a uniformidade dos procedimentos e levantamento das informações epidemiológicas necessárias.

É importante ressaltar que na medida em que as primeiras 12 capitais forem treinadas, outras cidades interessadas serão incluídas no Programa, dependendo da disponibilidade de recursos para sua correta implantação.

Metas

Tendo em vista que cada equipe do PSF é responsável cerca de 600 famílias (2.400 pessoas) em sua região de atuação, o PRODATHA, em sua 1ª etapa, já atingirá uma população de até 288.000 pessoas, sendo que a 2ª etapa do Programa terá um aumento de indivíduos a ser atingido exponencialmente superior que a da 1ª etapa, podendo chegar a até 2.880.000 de pessoas.

Nossa meta é realizar estas 02 primeiras etapas em 24 meses (1ª etapa = 12 meses e 2ª etapa = 12 meses).

Ressaltamos que os custos dos profissionais de saúde (médicos clínicos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários) envolvidos na execução do PRODATHA são de responsabilidade do próprio Programa de Saúde da Família, já em andamento nos diversos Estados da federação.

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