Tribuna da Imprensa
Seção: Ciência/Ambiente
Data: 26/04/2001
Autor: Claudio Eli
Surge a solução para problema que afeta milhões de
mulheres
Está chegando ao Brasil uma técnica que vai solucionar o problema
da incontinência urinária por esforço em mulheres. Trata-se de uma
doença que afeta cerca de 11 milhões de mulheres nos Estados Unidos. O
urologista Joaquim Oquendo, um dos pioneiros da utilização deste
procedimento no Rio, estima que o problema afeta aproximadamente cinco
milhões de mulheres no Brasil.
A nova técnica, denominada Tension Free Vaginal Tape (TVT), surgiu
na Europa há uns cinco anos. Ela consiste na utilização de uma tela
sintética, colocada debaixo da uretra através de duas pequenas incisões
(de um centímetro, cada uma) na pele, fazendo que a paciente não
precise contar com a força de seus próprios tecidos. A tela passará a
sustentar a uretra, impedindo a incontinência urinária.Em todo o mundo
já foram registradas 37 mil cirurgias. No Rio são poucos os
urologistas que a adotaram.
Segundo Oquendo, cirurgias para correção da incontinência urinária
feminina existem há muito tempo, mas as mais comumente utilizadas
registram apenas 60% de sucesso. "Então eu imagino que se a
cirurgia não foi lá o que se esperava, isso desanima as
pacientes", comenta, revelando que o novo método registra bons
resultados em 90% dos casos.
No Brasil, este procedimento cirúrgico já é coberto por alguns
planos de saúde. Detalhe: os urologistas do Hospital Souza Aguiar
adotaram tais cirurgias há algum tempo. A operação, com anestesia
local, dura cerca de 30 minutos e, em quatro horas, a paciente recebe
alta. Pelas cirurgias antigas a paciente ficaria internada, no mínimo,
três dias.
Importância de resgatar o convívio social
Joaquim Oquendo comenta a gravidade da incontinência urinária
feminina: "Ela atinge mulheres acima de 40 anos de idade, que,
geralmente, já engravidaram, e que estão entrando ou já entraram na
menopausa. A doença incomoda muito, porque a mulher não tem segurança
de ter um convívio social normal".
Segundo o urologista, a mulher que sofre deste problema passa pelo
constrangimento de ter que sair de casa sempre com fralda, correndo o
risco de passar vergonha na rua. Ela tem medo de ficar molhada ou que os
outros sintam o cheiro da urina.
"Geralmente, estas mulheres entram num processo de isolamento e
depressão. Elas pouco comentam o que estão sentindo com as amigas e
passam a amargar este sofrimento solitário. Até no relacionamento
sexual a incontinência urinária trás problemas", salienta.
"Outro fato que considero relevante é que aparecem em meu
consultório muitas pacientes de 70 e até 80 anos de idade, normalmente
acabrunhadas e envergonhadas. Dias depois de se submeterem à esta
moderna técnica de cirurgia, elas reaparecem para me agradecer,
apresentando outro aspecto, mais alegres e ativas. Eu sinto que a
cirurgia lhes fez bem porque elas conseguiram resgatar a alegria. Nós
mexemos com o emocional delas, que não tinham mais esperança e
renasceram para o convívio social. Isto é o mais importante",
conclui.