Jornal da Tarde
Seção: Geral
Data: 20 de julho de 2000
Pressão alta afeta mais as mulheres
Elas respondem por 54% dos casos da doença. Pílula,obesidade,vida
sedentária e má alimentação seriam causas do problema
As mulheres já sofrem mais de hipertensão do que os homens. Segundo
dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, pacientes do
sexo feminino correspondem a 54% dos casos da doença nos Estados
Unidos. Esse índice é semelhante no Brasil, segundo o cardiologista
Denílson Albuquerque.
"As mulheres tinham menos problemas cardíacos do que os homens,
mas agora isso mudou, principalmente no que diz respeito à hipertensão",
afirma o médico, que presidirá o 55º Congresso Brasileiro de
Cardiologia, dia 30, no Rio.
Estima-se que 18% da população brasileira seja de hipertensos (28
milhões de pessoas). O problema, que atingia mulheres apenas no período
da menopausa, ocorre cada vez mais cedo. Há suspeitas de que a pílula
anticoncepcional possa ter contribuído para o aumento de hipertensão
entre as mulheres. Mas há outros fatores: obesidade, sedentarismo e
comida gordurosa.
No Brasil, o número de casos de hipertensão entre mulheres é ainda
mais alarmante nos Estados do Rio, Rio Grande do Sul e São Paulo por
causa do teor de sal excessivo na alimentação.
Alertas médicos Mesmo com todos os alertas dos médicos, a hipertensão
parece não preocupar as pacientes, que não verificam a pressão
arterial com assiduidade e associam o problema a crises passageiras e não
a uma doença que precisa de tratamento prolongado.
Mesmo com a pressão oscilando entre medidas consideradas altas, a
dona de casa Amancina Tedesco, de 65 anos, não se considera hipertensa."De
vez em quando, eu tomo um remédio." Mas quem sabe do problema
costuma tratá-lo.
"Sou hipertensa e tomo remédio todos os dias", afirma a
aposentada Alaíde Granado Arantes, de 68 anos. Para a enfermeira Vera
Aparecida Berti, de 54 anos, também hipertensa, a explicação para o
problema surgir com mais freqüência entre mulheres é o estresse.