Os jovens precisam se cuidar mais. Levantamentos do Sistema Único de
Saúde mostram que 20% das mortes provocadas por infarto atingem pessoas
na faixa etária doas 20 aos 40 anos no Rio Grande do Norte. O índice
é similar ao nacional e mostra que ataques do coração deixaram de ser
restritos ao grupo dos mais velhos. Os principais fatores de risco são
o tabagismo, obesidade e histórico de infarto na família.
De acordo com dados do Fundo de Amparo à Pesquisa em Cardiologia (Funcor)
da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC/RN), os prontos socorros já
registram a passagem de pacientes jovens, vítimas de doenças
cardiovasculares.
"Meus colegas socorreram um rapaz de 18 anos que sofreu infarto
do miocárdio. O tratamento foi difícil, mas ele sobreviveu. Este
paciente se encaixa no perfil de risco: é obeso", conta o
cardiologista Carlos Alberto de Faria, presidente do Funcor da SBC/RN.
O médico explica que os jovens acham que esse risco é só dos mais
velhos e deixam de se cuidar. "No mundo moderno tudo contribui para
isso. Muitos jovens têm vida sedentária, fumam, usam drogas, exageram
na bebida alcoólica e comem comidas muito gordurosas. É um passaporte
para um ataque. Pode não acontecer agora, mas o risco é ainda maior
após os 50".
Nos casos de predisposição genética, quando existem casos de
doenças cardiovasculares na família, o risco ainda é maior e não há
como escapar. A solução é começar a se prevenir aos 20 anos de
idade, visitando o médico e fazendo exames, pelo menos uma vez por ano.
É melhor prevenir que remediar.
O pior é que o infarto no jovem costuma ser fatal. O jovem pode
morrer mais fácil e rápido que o idoso. Segundo Carlos Alberto de
Faria, isso acontece porque as placas de gordura mais novas oferecem
mais risco. A placa "mole" racha com facilidade e faz com que
a artéria fique obstruída pelos coágulos de sangue. O entupimento
provoca o infarto. "O uso de drogas também contribui para a
contrição das artérias. É o mesmo efeito da gordura".
Os mais velhos podem escapar da morte súbita porque, com a idade, o
corpo começa a produzir novas ramificações de artérias. Elas são
chamadas de colaterais e aparecem quando as outras vão sendo
obstruídas. No corpo dos jovens existem poucas artérias colaterais.
O infarto é a mensagem do corpo, que não suporta a pressão alta e
o colesterol elevado. Para Carlos Alberto de Faria, tanto os pais quanto
a escola devem orientar as crianças sobre alimentação mais saudável
e a importância de exercícios físicos. Os bons hábitos alimentares
começam em casa.
O jovem que convive com pais que fumam e bebem acabam indo pelo mesmo
caminho. A comida nordestina, muito gordurosa, faz parte da dieta
diária. Além disso, as lanchonetes, um dos lugares preferidos dos
jovens, são o paraíso do colesterol ruim.
O nível de colesterol total deve ser de até 200 miligramas por
decilitro de sangue. Desse total, 100 mg devem ser de LDL (o colesterol
ruim). Já o valor mínimo do HDL (o colesterol bom) deve ser de 40
miligramas por decilitro.
Estudantes levam vida sedentária e não se cuidam
Os jovens deviam se prevenir contra as doenças cardiovasculares, mas
deixam de se cuidar. Nem imaginam que correm grandes riscos de ter
infarto. Fumam, são sedentários e consomem alimentos gordurosos.
Poucos procuram o médico para reduzir os riscos, mesmo tendo
predisposição genética.
É o caso do estudante Emilson Pedro, 21 anos. A mãe tem problemas
de coração, mas, mesmo assim, ele começou a fumar aos 17 anos. Nunca
fez exame para saber se também tem chances de ter um enfarte,
influenciando por fatores genéticos. "Costumo fazer exercícios
como a musculação. Mas quando fazia caminhadas, sentia falta de ar. Eu
sei que é por causa do cigarro. Já tentei parar e não consigo".
A situação de Emilson é parecida com a dos amigos dele do
colégio. A maioria deles fuma e tem vida sedentária. Querem até
parar, mas não conseguem.
A estudante Juciara Mendes, 18 anos , também fuma e não faz
atividades físicas. Os sanduíches, salgadinhos e refrigerantes são
alimentos que estão sempre no cardápio diário. "Sempre como
sanduíches e nunca fui ao médico para fazer exames. Meus pais fumam,
mas não gostam que eu fume também. Não fazia idéia do aumento na
quantidade de jovens que sofrem ataques do coração".
Colesterol é considerado um inimigo
O colesterol alto também pode ser um inimigo de respeito. Como os
vilões do colesterol são os hábitos pouco saudáveis na
alimentação, os jovens também podem ser atingidos pela doença diante
da paixão pelos sanduíches, refrigerantes, salgadinhos e outras
comidas gordurosas.
De acordo com especialistas em saúde, levantamentos mostram que o
índice de brasileiros com problemas de colesterol alto subiu de 30%
para 40%, nos últimos 10 anos. Segundo avaliação do Fundo de Amparo
à Pesquisa em Cardiologia (Funcor) da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC/RN), se os jovens mudarem os hábitos alimentares podem
prevenir os riscos de conviver com altas taxas de colesterol no sangue.
Segundo o cardiologista Carlos Alberto de Faria, presidente do Funcor
da SBC/RN, os níveis de LDL, o colesterol ruim podem crescer por dois
fatores principais, o genérico e a dieta. O fator genético é o mais
importante, porém dietas inadequadas também elevam o colesterol.
"Se o jovem tem parentes com colesterol alto e história familiar
de aterosclerose devem ter seu colesterol dosado, pelo menos uma vez por
ano".
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o colesterol é
na verdade uma gordura do ponto de vista químico. Ele é o resultado do
metabolismo de duas substâncias em nosso organismo: HDL, o bom
colesterol, e o LDL. O colesterol é fundamental para o homem por que
faz parte da constituição da membrana que reveste as células dos
tecidos e constitui matéria-prima para a fabricação de ácidos
biliares, hormônios e vitamina D. No sangue, ele pode estar livre ou
fazendo parte das chamadas lipoproteínas (aglomerado de colesterol,
proteínas e gorduras que circulam pelas artérias e veias).
O colesterol alto ajuda na formação das placas de gordura ou que se
depositam nas artérias estreitando-as e prejudicando a passagem do
sangue para o coração, contribuindo para aumentar o risco de infarto.
A maior parte do colesterol é fabricada pelo próprio corpo, cerca de
70%, no fígado, enquanto que apenas 30% provém da alimentação.
Recomendações para quem tem colesterol elevado: muita atenção com
alimentos do reino animal. São eles que contêm colesterol.