Ferrari e BAR retiram logomarcas de cigarros
SÃO PAULO.
A utilização da publicidade com marcas de cigarros nos carros da
Fórmula-1 continua provocando confusão em Interlagos. Sem
informações precisas sobre a liberação da propaganda tabagista nos
carros e nos uniformes, as equipes agem isoladamente até que haja uma
recomendação oficial.
Desde que chegou ao Brasil, a Ferrari, por exemplo, adotou o respeito
à legislação brasileira, que desde o dia 1 de janeiro veta a
publicidade de cigarros em eventos esportivos e culturais após a
publicação da Lei 10.167.
A equipe italiana alegou "ordens superiores" para a
retirada do patrocínio da Marlboro, que normalmente aparece no
aerofólio e na lateral direita de seus carros, além dos macacões dos
pilotos.
BAR traz dois jogos diferentes de uniformes
A BAR, por sua vez, mudou de posição durante a semana. Até
quarta-feira, a escuderia inglesa vinha divulgando a marca de seu
patrocinador, a Lucky Strike, mas mudou de postura ontem e retirou as
propagandas nos displays e uniformes, seguindo a orientação de seus
advogados.
O objetivo foi evitar constrangimento por causa da legislação
antitabagista brasileira. Precavida, a equipe veio para o Brasil com
dois jogos de uniformes: um com a logomarca do patrocinador e outro sem.
Outras equipes patrocinadas por fabricantes de cigarros, como a McLaren
e a Jordan, estampam seus patrocinadores.
- Até segunda ordem, correremos com a marca West - informou a
McLaren.
As equipes ainda aguardam a edição de uma Medida Provisória do
governo que libere o uso dos patrocinadores. A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) ameaçou multar quem infringisse a lei, mas
voltou atrás a pedido da prefeitura de São Paulo.
Ontem, em Brasília, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, reagiu
com irritação à pergunta de uma repórter da Rede Record, sobre a
possibilidade de o Governo editar uma MP:
- Que pergunta!
Nem mesmo os chefões da F-1 falam com segurança sobre o assunto.
Bernie Ecclestone, dono dos direitos comerciais da categoria, disse que
somente hoje haverá uma decisão.
Ontem, a Sociedade Brasileira de Cardiologia manifestou seu repúdio
à propaganda tabagista na F-1 e cobrou da Anvisa uma decisão. No
domingo, antes do GP do Brasil, a entidade distribuirá folhetos sobre o
assunto.