Diário de São Paulo

Data: 04 de abril de 2003

 

Lei antitabagista causa samba do crioulo doido


Sem saber o que fazer, equipes adotam posições diferentes para o GP do Brasil. Ontem, BAR retirou publicidade

A utilização da publicidade com marcas de cigarros nos carros continua provocando um samba do crioulo doido em Interlagos. Sem informações precisas sobre a liberação da propaganda tabagista nos carros e uniformes, as equipes agem isoladamente até que haja uma recomendação oficial.

Desde que chegou ao Brasil, a Ferrari, por exemplo, adotou o respeito à legislação brasileira, que desde o dia 1º de janeiro veta a publicidade de cigarros em eventos esportivos e culturais após a publicação da lei 10.167. A equipe italiana alegou “ordens superiores” para a retirada do patrocínio. A BAR, por sua vez, mudou de posição durante a semana. Até quarta-feira, a escuderia vinha divulgando a marca de seu patrocinador, a Lucky Strike, mas mudou de postura ontem e retirou as propagandas nos displays e uniformes, seguindo orientação de seus advogados.

O objetivo foi evitar constrangimento por causa da legislação antitabagista brasileira. Precavida, a equipe veio para o Brasil com dois jogos de uniformes: um com o logo do patrocinador e outro sem. Outras equipes patrocinadas por fabricantes de cigarros, como a McLaren e a Jordan, devem estampar seus patrocínadores. “Até segunda ordem, correremos com a marca West”, informou a McLaren. As equipes ainda aguardam a edição de uma Medida Provisória do governo que libere o uso dos patrocinadores. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ameaçou multar quem infringisse a lei, mas voltou atrás a pedido da prefeitura.

Chefões

Nem mesmo os chefões da F-1 falam com segurança sobre o assunto. Bernnie Ecclestone, dono dos direitos comerciais da categoria, disse ontem que somente hoje haverá definição sobre o assunto. Ontem, a Sociedade Brasileira de Cardiologia manifestou seu repúdio à propaganda tabagista na F-1 e cobrou da Anvisa um posicionamento. No domingo, antes do GP do Brasil, a entidade distribuirá folhetos sobre o assunto.