Aqui Salvador
Data: 06 de Outubro de 2003
Pelé fala de disfunção erétil para
cardiologistas.
Rei do futebol disse que ainda é preciso
lutar muito para quebrar o tabu que envolve a impotência sexual
Rei Pelé falou ainda sobre Seleção e Campeonato Brasileiro

Encontros e surpresas marcaram ontem o 58º
Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, no Centro
de Convenções da Bahia, em Salvador. Edson Arantes do Nascimento, Pelé,
mais famoso jogador de futebol do mundo e garoto-propaganda do Viagra,
foi trazido pelo laboratório Pfizer para entrevista com os jornalistas.
Entre vários assuntos, ele comentou sobre uma suposta desconfiança
divulgada na imprensa de que Ronaldinho teria duvidado do número de
gols marcados por Pelé na Seleção Brasileira e exigido a recontagem.
No evento, a surpresa ficou por conta do encontro do rei do futebol
tricordiano (nascido na cidade de Três Corações-MG), Pelé, com o rei
do boxe soteropolitano, Acelino Popó. Mas, infelizmente, o momento tão
aguardado pelos fãs foi reservado exclusivamente para uma rede de TV
nacional.
O rei acredita na possibilidade de que a informação
da dúvida de Ronaldinho a respeito de seus gols teria sido boato de
jornalistas e se disse honrado com o primeiro comentário do craque.
"Ouvi a primeira entrevista de Ronaldinho e achei legal quando ele
disse que queria superar o número de gols de seu ídolo, o Pelé",
orgulha-se. Seu desejo, acrescentou, é de que "o Fenômeno"
dobre o número de gols do Rei, se for com a camisa da Seleção
canarinho. Edson Arantes chegou com uma hora de atraso e chamou a atenção
por estar com o braço direito engessado por conta de uma fratura
sofrida durante uma partida de tênis.
Imagem - Questionado sobre a sua relação com a
campanha internacional no combate à disfunção erétil da Pfizer, na
propaganda do Viagra, o Rei, que sempre se preocupou com sua imagem
associada a produtos, falou que chegou a pensar muito, mas que depois de
uma aula descobriu que a dificuldade em falar no assunto acontece com
todo o mundo e que ele seria importante para ajudar a quebrar o tabu.
"No tempo em que o Pelé jogava, os jogadores evitavam falar nesse
assunto: jogador gosta de contar as vitórias e evita falar das
derrotas", disse.
O Rei lembrou de suas viagens pelo mundo durante a
campanha e disse ter ficado impressionado com a popularidade que ainda
tem, apesar de ter ficado longe dos gramados desde a década de 1970.
Pelé ainda contou sobre um comentário do primeiro-ministro inglês,
Tony Blair, na ocasião da festa dos 50 anos do chefe de governo.
Segundo o Rei, Blair falou que estava bem de saúde e que apesar dos 50
anos, ainda não precisava da ''vitamina de Pelé'' (risos). Pelé
acredita que muito já se conseguiu para a quebra do tabu de se falar
sobre disfunção, mas que ainda é preciso continuar lutando.
Para ele, que foi ministro dos Esportes, a contagem de
pontos corridos no campeonato brasileiro em vez do antigo mata-mata
acompanha a tendência mundial do futebol moderno. A fraca presença de
público nos jogos do Campeonato Brasileiro, segundo Pelé, está mais
relacionada à falta de organização do que a forma de contagem dos
pontos. Para Pelé, a excessiva mudança de técnicos no campeonato
(segundo um jornalista no campeonato brasileiro deste ano, 24 times
mudaram de técnicos, e cinco permaneceram) é uma falta de
responsabilidade dos diretores dos clubes. Quando foi ministro dos
Esportes Pelé tentou criar uma lei que obrigasse os clubes a conservar
seus técnicos do início ao final do campeonato. "Acho que isso
deveria ser repensado", sugere.
Pelezinho será relançado em
almanaque
Presente à entrevista, o artista gráfico Maurício de
Sousa, o pai da Turma da Mônica, aproveitou para comunicar ao Rei do
futebol que Pelezinho, personagem da turma inspirado no craque Pelé,
terá um almanaque de relançamento em breve vinculado a uma campanha
social, que poderá ser o Fome Zero. "Você é o pai e tem a bola
nas mãos, é só dar continuidade", disse. Edson Arantes ainda
sugeriu que o ''Pelezinho'' ajude a quebrar o tabu da disfunção erétil.
A criação de Pelezinho, segundo Maurício, surgiu de
uma viagem de avião onde ele encontrou o Rei, por volta de 1979, e
durou anos até sair de circulação na década de 1990. Pelezinho, que
tinha 7 anos (assim como toda sua turma), agora terá 12 para poder
brincar, mas também falar de assuntos mais sérios. Seu interesse agora
não se limitará a futebol, mas a todos os esportes, entre eles bike,
skate, basquete, etc.
No final da entrevista, Pelé recebeu a visita de Popó,
que em entrevista a Pelé disse que ainda não o havia conhecido. Popó
esperou cerca de uma hora pelo Rei, distribuindo autógrafos e sorrisos
para os fãs e posando para fotos. "Vi a matéria hoje, muitas
pessoas comentaram que o Rei queria me conhecer", disse Acelino Popó
de Freitas. Ele falou que se sente honrado como atleta e ainda mais como
pessoa. Depois do encontro, Popó voltou ao treino, se preparando para o
próximo desafio.