Pesquisa realizada por médicos argentinos demonstrou que a pressão
alta também pode prejudicar a vida sexual das mulheres, assim como
acontece nos homens. De acordo com o estudo, feito no Hospital Durand e
no Laboratório de Medicina Experimental do Hospital Alemão, ambos em
Buenos Aires, a doença afeta negativamente a excitação da mulher.
O trabalho foi um dos primeiros a se preocupar com a sexualidade
feminina. Até agora, os médicos só tinham comprovado cientificamente
os efeitos negativos da hipertensão sobre a função erétil.
"Nossos estudos sugerem que a pressão alta é um fator que
condiciona negativamente a resposta sexual feminina durante a chamada
fase de excitação", disse o coordenador da pesquisa, o médico
Amado Bechara, ao jornal argentino "La Nacion".
Segundo os pesquisadores, a doença danifica a parede interior dos
vasos localizados no clitóris e na vagina. Publicado na revista
especializada "International Journal of Impotence Research", o
estudo demonstrou ainda que a hipertensão também interfere na oferta
local de neurotransmissores que participam da fase de excitação do ato
sexual. Estas substâncias são consideradas fundamentais para o
orgasmo.
Para chegar a esta conclusão, os médicos compararam o aparelho
genital de ratazanas normais com o de outras geneticamente modificadas
para ter pressão alta. Segundo o médico Carlos Alberto Machado,
diretor do Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia (Funcor),
as pesquisas ainda são bastante iniciais.
"Os resultados são importantes, mas ainda é preciso mais
estudo. O trabalho foi feito com animais e isso não significa
necessariamente que a conclusão será a mesma em humanos", comenta
o cardiologista. Machado confirma que a pressão alta causa alterações
na camada mais interna das artérias, chamada de endotélio,
comprometendo a irrigação dos vasos.
O médico duvida, no entanto, da interferência da hipertensão sobre
os neurotransmissores importantes para a mulher alcançar o orgasmo.
"Isso ainda não está comprovado cientificamente", afirma.
Incidência
A pressão alta atinge 5% da população feminina brasileira até 40
anos. Acima desta idade, a prevalência chega a ser de 10%. Entre os
homens, os números são ainda maiores. Pelo menos 39% dos brasileiros
entre 20 e 49 anos apresentam a doença, chamada de assassina
silenciosa. Além dos efeitos sobre a sexualidade, a doença aumento o
risco de problemas cardiovasculares, como infarto e derrame cerebral.