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Teatro Casa Grande ressurge das cinzas para abrigar superproduções com alta tecnologia
Fonte: O Globo Online
Erika Azevedo - O Globo Online
RIO - Onze anos depois de ser destruído por um incêndio, o lendário
Teatro Casa Grande, no Leblon, irá, literalmente, ressurgir das
cinzas em maio deste ano. Ele voltará ao mesmo local onde nasceu em
1966, como uma das maiores casas dedicadas às artes cênicas em
atividade no Rio de Janeiro. Com certeza, será a mais moderna em
equipamentos. Com capacidade para 950 pessoas, 12 camarins, fosso
para orquestra e palco com 20 metros de altura, 13 de boca de cena e
telões de LED (Light Emitting Diode), o teatro vem suprir a carência
da cidade por espaços capazes de abrigar grandes produções. Já em
sua abertura, uma superprodução: a versão brasileira do musical "A
noviça rebelde", realizada pela dupla Charles Möeler e Cláudio
Botelho, responsável pelo espetáculo vencedor de três prêmios Shell
2007 "7 - O musical".
Mas não são só as grandes proporções do teatro que chamam a atenção
no novo projeto. O local também pretende ser referência na aliança
entre arte e tecnologia. Uma operadora de telefonia, patrocinadora
da casa, vai instalar recursos eletrônicos no teatro a fim de
estimular a interatividade, desde a venda de ingressos via celular
até a participação nos espetáculos por meio de telefones e internet
Wi-Fi gratuita em toda a área. Tudo poderá, inclusive, ser usado em
cena pelas produções.
"Queremos propiciar novas experiências ao usuário e trazer o teatro
para o século 21, levando o que está sendo produzido para fora da
casa, através de transmissões pela web, por exemplo".
- O grande barato desse projeto foi pensar no que fazer para ser
diferente. Procuramos, então, construir um espaço de
multientretenimento. A idéia é ter um espetáculo principal em
cartaz, além de outros menores durante a semana, exposições e
apresentações musicais - conta Luis Calainho, um dos sócios da
empreitada ao lado de David Zylbertztajn, Aniela Jordan, Gustavo
Ajhaenblat, Leonardo Haus e Silvia Haus, além dos fundadores do
teatro Max Haus e Moysés Ajhaenblat.
O agora rebatizado Oi Casa Grande terá programação nos sete dias da
semana, aberto 16 horas por dia. De quarta a domingo, a proposta é
que um grande espetáculo ocupe a grade de programação. Às segundas e
terças-feiras, a vez é de shows, debates e peças menores. A música
erudita, com apresentações a preços populares, e o cinema, com
sessões especiais, também terão espaço.
- Teremos infra-estrutura para abrigar parcerias com o Festival do
Rio, por exemplo, e com eventos de moda, como o Fashion Rio -
destaca Calainho.
A casa terá três foyers, que serão ocupados por atividades como
exposições - um deles, o do terceiro andar, abrigará eventos em
parceria com o Oi Futuro, no Flamengo.
O website do teatro também terá um papel importante dentro da
programação. Será através dele que produtores poderão submeter seus
projetos ao conselho curador da casa, que pretende dar espaço para
novos artistas. A página também será um ambiente de relacionamento
com o público, por meio de comentários, recursos multimídia das
atrações - como vídeos, ringtones e papéis de parede -, e blogs de
artistas em cartaz.
- Queremos propiciar novas experiências ao usuário e trazer o teatro
para o século 21, levando o que está sendo produzido para fora da
casa, através de transmissões pela web, por exemplo - explica a
gerente de comunicação da operadora de telefonia que patrocina a
casa, Flávia da Justa.
A reabertura é o resultado de um investimento todo
proveniente de iniciativa privada e do patrocínio da operadora de
telefonia, e com apoio do Governo do Estado do Rio, que cedeu o uso
do espaço no mais valorizado bairro da Zona Sul para a reconstrução
do teatro. O preço dos espetáculos-âncora seguirá os valores de
mercado, o que não quer dizer que a casa deixará de investir em
eventos gratuitos e a preços populares.
Um teatro com história
Inaugurado em 25 de agosto de 1966 na Avenida Afrânio de Melo
Franco, o Teatro Casa Grande foi palco de importantes montagens
teatrais, como "O mistério de Irma Vap", e foco de resistência de
artistas e intelectuais à ditadura militar.
O espaço também promoveu shows de cantores como Elis Regina, Chico
Buarque e Maria Bethânia, além dos Ciclos de Debates da Cultura
Contemporânea, que trouxeram ao Rio, pela primeira vez, o então
metalúrgico Luiz Inácio da Silva e que, em 29 de julho de 1985,
Fernando Lyra, então Ministro da Justiça, anunciou para uma platéia
de 700 artistas e intelectuais o fim da censura no Brasil.
Durante a temporada da peça "O burguês ridículo", de Molière, com
direção e adaptação de Guel Arraes, em abril de 1997, o teatro
sofreu um incêndio que o obrigou a fechar as portas.
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