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A Odisséia das 20 mil obras de arte evacuadas de Espanha e que escaparam aos bombardeamentos da Guerra Civil
Fonte: Jornal Público

Reportagem do Jornal Público – Domingo 20 de abril de 2008 – pág. 21.
Joana Amaral Cardoso


“Debaixo de nossa sala de jantar estavam os Velásquez”, escreveu o Presidente Azaña

Velásquez, Goya, Rembrandt, Tiziano, Rubens, Dürer, El Greco. Todos estiveram indiretamente em fuga, entre 1936 e 1939, quando a Guerra Civil espanhola forçou o então Presidente da República espanhola, Manuel Azaña, a evacuar o espólio do Museu do Prado, ameaçado pelas bombas. Mais de 20 mil obras andaram três anos a esquivar-se à guerra, mas a história dessa surtida era quase desconhecida, até um historiador e um documentarista a recuperarem.

Arturo Colorado Castellary escreveu em 1991 El Museo Del Prado y la Guerra Civil, em que reconstituía a narrativa da grande aventura de preservação de milhares de obras históricas. Agora, reescreveu o livro, acrescentou documentos inéditos e conta como saíram, primeiro de Madrid e depois do resto de Espanha, milhares de peças do patrimônio artístico espanhol e mundial, parte do espólio do Prado, mas também do Escorial, da Academia de São Fernando, do Palácio Real e do Palácio de Liria.

O livro, Êxodo y exílio Del arte – La Odisea Del Museo Del Prado durante La Guerra Civil, acompanhado com o documentário em DVD Salvemos El Prado, de Alfonso Arteseros, traça os paralelos entre o percurso das obras a preservar e o próprio destino do Governo da II República espanhola – os republicanos seriam derrotados pelas forças nacionalistas de Franco.

Camiões que viajavam a 15 km/h transportaram milhares de peças, cobertas com cartão impermeável, de Madrid até às Torres Serrano, em Valência. O avanço das tropas nacionalistas leva o governo a basear-se em Barcelona e com ele vai a caravana de 71 camiões de obras-primas.

Já no castelo de Peralada, a dez quilômetros da fronteira francesa, o Presidente Manuel Azaña refugiava-se perante a iminência da queda dos republicanos na província espanhola. Consigo havia quadros. “Debaixo da nossa sala de jantar estavam os Velásquez. Cada vez que bombardeavam os arredores, desesperava. Temia que o meu destino me traísse ao imaginar o museu transformado numa fogueira. Era mais do que conseguia agüentar”, lê-se no livro, citado pelo El País.
 
As peças foram ainda escondidas nas minas de talco de La Vajol, para saírem de combio para França a atravessarem o país até chegarem, em Fevereiro de 1939, a Genebra. Na fronteira suíça, os funcionários contam 140 toneladas de arte. As caixas, acolhidas na Sociedade das Nações, continham 45 Velásquez, 138 Goya, 43 El Greco.

O livro desmistifica o papel do director do Prado, Rafael Alberti, tido como “salvador” do museu. “Só interveio no princípio (após o fecho do Prado, em Agosto de 1936) e foi a sua mulher, Maria Teresa Léon, que fez tudo”, disse à Agência Efe. Quando o museu fechou, começaram a ser embaladas em mantas e plásticos as obras mais relevantes e foram colocadas no piso térreo do edifício, juntamente com outras já resgatadas pela Junta de Incautación y Protección Del Tesoro Artístico, presidida por Timóteo Pérez Rubio. Algumas foram saindo timidamente do país.

Arturo Colorado Castellary frisa que esta grande fuga “foi obra de muita gente, desde os camionistas aos soldados, dos políticos aos mecenas e, antes de mais, Pérez Rubio, o grande protagonista desta aventura totalmente incrível”.


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