Mostra no Museu da Língua Portuguesa procura aproximar o leitor da obra de Machado de Assis
Fonte: Diário de S. Paulo
Mariana Zylberkan - Diário de S. Paulo
SÃO
PAULO - Neste ano completa-se o centenário de morte de Machado de
Assis, considerado o maior autor da literatura brasileira. Só esse
motivo já seria suficiente para justificar a montagem da exposição
"Machado de Assis: Mas este capítulo não é sério", que abre nesta
terça à visitação pública no Museu da Língua Portuguesa, em São
Paulo.
Porém, a organização da mostra quis ir mais longe e decidiu fazer do
evento uma oportunidade para promover um novo olhar sobre o
escritor.
- A idéia é tirar a fama de chata da obra de Machado de Assis,
principalmente entre o público jovem, que tem que lê-la para o
vestibular - diz Cacá Machado, um dos organizadores.
'Memórias Póstumas'
Para isso, a montagem da exposição foi inspirada na maneira como o
escritor criou uma de suas obras mais lidas, o livro "Memórias
Póstumas de Brás Cubas".
- É quando ele inaugura uma narrativa irônica e cheia de senso de
humor, além de ser o primeiro a ser escrito de uma forma não-linear
- conta Machado.
Como nos livros, a mostra está dividida em capítulos, mas que não
precisam ser "lidos" em seqüência.
Um deles trata das personagens femininas machadianas e foi batizado
de "Olhos de ressaca", em homenagem à Capitu, de "Dom Casmurro".
O período da escravidão no Brasil, muito presente em seus livros, é
o tema da segunda parte. Há um outro capítulo batizado de
"Medalhões", que mostra o lado "celebridade" do escritor, que chegou
a estampar notas de mil cruzados com seu retrato.
Além disso, o organizador conta que há uma sala de cinema onde são
exibidos vídeos em que leitores lêem seus trechos favoritos da obra
de Machado.
Antes de ir embora, o visitante pode folhear um dos 400 livros
dispostos numa prateleira gigante, que reúne a obra completa de
Machado de Assis, nas mais diversas edições. |